Já era fim de tarde quando eu tinha acabado minhas encomendas. Cheguei em casa apressado e me limpei. Tomei um banho e me arrumei. Iria passar a noite com minha filha mais nova. Já que a Moon estava muito rebelde e preferia seguir os passos da mãe. Ao chegar no apartamento de Cher, encontrei com a babá. Fiquei sabendo que ela ainda estava no trabalho. Vi minha filha e após conversar um pouco com ela e matar a saudade, decidimos fazer uma "surpresa" pra mãe dela, afinal ninguém merecia um trabalho como o dela. Aparatei com Scarlett no braço já dentro do DS. Com ela no colo, fui conversando e mordendo as bochechinhas dela até encontrar a sala. - Sem barulho... - sussurrei para Scarlett e lentamente abri a porta. Logo vi ela. Cabelos claros, imersa em seus pensamentos. Nós não chegamos a ter nada sério. Logo não havia remorsos ou coisas do tipo no nosso passado. Ambos concordamos que Scarlett fora uma coisa maravilhosa que aconteceu em nossas vidas. Me aproximei lentamente dela, então gritei. - Atacar!
Coloquei Scarlett no colo dela e então baguncei seus cabelos.
Apesar de tudo, eu e ela tentávamos ter uma boa relação, e cuidar o máximo de nossa filha. Cher não parecia do tipo mãe, então fiquei meio hesitante em como ela se comportaria, mas, para minha surpresa, ela estava se saindo bem. Só tinha que parar com aquela mania feia de dar pizza altas horas da noite. Também notava o esforço que ela fazia para ajudar a sustentar as duas e tentar passar o máximo de tempo possível com Scarlett.

Observei as duas. Elas se davam tão bem. Cher sempre afirmava que Scarlett era parecida comigo, mas eu via apenas semelhanças entre elas. Ela havia ficado engraçada com cabelo bagunçado. Talvez fosse por isso que eu nunca ficava em um relacionamente por muito tempo. Talvez eu fosse criança. É, é isso. Elas eram tão fofas. Mas não falava isso na frente da fofa maior. Na última vez, ela quase me bateu. Sorri com a pergunta dela e me encostei na mesa. - Não sei, dá tempo? Você é tão ocupada que talvez não tenha tempo para ser sequestrada. - me virei e peguei alguns papeis, lendo os esboços. - Isso aqui pode te deixar doente. Deveria virar... - talvez Cher soubesse o que eu era. Não gostava muito de falar sobre isso, e minha filha nem podia sonhar que eu era um mercenário. - Mochileira, sair pelo mundo a fora. - disse me virando pra ela. Os olhos delas eram tão parecidos. Ainda me perguntava como eu tinha conseguido fazer filhas tão lindas. E também "Ex". Embora a outra não tenha sido uma boa memória. No fim das contas fui reduzido a "O cara que dá pensões". Me sentei e olhei para ela. - Estava pensando em viajar... O que acha? Eu levo a Scarlett, você fica aí definhando. - caso eu precisasse sair, ou levar Scarlett para algum lugar, precisava falar com ela, afinal ela estava com a guarda. Não era problema nenhum pra mim. Me levantei e fui até Scarlett a colocando no colo. - Brincadeira. Não queremos você definhando. E me dê ela, você passa mais tempo com ela. Preciso matar as saudades. - disse dando mais beijos nas bochechas lindas de Scarlett.

Se tinha uma coisa que eu não resistia, era bochechas. E disso, minha filha tinha de sobra. Tinha pena dela, eu sempre a mordia. Mas para minha alegria, ela gostava. Não precisava exatamente ser bochecha grande, só precisam ser de quem eu goste. Ouço as palavras da filha. Ela sempre que podia, fazia coisas onde nós dois estivéssemos presentes. Olhei para Cher, eu geralmente não a chamava para os lugares, não muito. Tinha medo de ela poder pensar algo de mim. Não sei exatamente o quê. Sorri ao ouvir o que ela dizia. - Pegar Sol não pode. Perde o charme. - olhei novamente para Scarlett, pensativo. Ainda não tinha ideia para onde iríamos, mas já que seríamos nós três, então decidamos juntos. Entortei a boca pensativo, e passei minha barba no rosto da pequena. - Eu não pensei em nenhum lugar ainda. Fica a critério de vocês escolher. E não vamos para a casa de sua mãe. Ela me dá medo. - nunca conheci a mãe dela, mas fiz Cher me contar um pouco sobre ela, quando estávamos nos conhecendo.

Mal tinha percebido que ela havia carimbado meu rosto até Cher ter falado. - E agora? Vai me enviar para algum lugar? - logo ela estava limpando meu rosto. Apesar de ser mãe de primeira viagem, ela tinha um lado materno forte. Tanto para a filha, quanto para mim. Não nego que gostava dos mimos que recebia antes, dela. A observei por um tempo e logo ela foi guardar os carimbos. - Piscina? Vamos para um lugar melhor amor. - ouço a proposta de Cher. Paris era um belo lugar, apesar dos garçons serem brutos. - Isso! Paris, é um ótimo lugar. Lá é bonito, tem belas mulheres, uma boa comida, e muitos lugares para a gente ir, que tal? - disse a erguendo no alto, a olhando nos olhos. Ela era tão parecida comigo, aqueles olhos... Perfeitos como ela, e como sua mãe. Não negaria se alguém dissesse que elas duas são importantes para mim. Me sentei em uma cadeira e coloquei ela no meu colo. - E não se preocupem. Eu pago tudo. Sei que a Srta Munich dá muito duro aqui. E como eu moro sozinho e não gasto muito... Decidi ser um bom pai uma vez na vida. - disse alisando o cabelo dela. Eu tinha consciência que eu não conseguia ser o melhor pai do mundo, mas tentava dar o meu melhor.

Achava lindo o modo como ela falava, e exigia as coisas de mim. Sorri e olhei para Cher. A conhecia desde o colégio, mas era uma amizade diferente. Tanto que temos uma filha. Era estranho ainda, não nego que sentia quimeras no estômago, quando estava perto dela. Mas isso deve ser besteira de minha cabeça. Tentava deixar isso de lado, ela não parecia do tipo que quer casar. E eu... Bem, não tinha o que era necessário para poder ser um bom marido e homem da casa. - Tá bom, tá bom. Acho só vocês duas bonitas. Satisfeita?
Logo ela veio até mim e segurou o meu queixo. Suspirei ao ouvir as palavras dela. Não que eu quisesse tomar controle da situação nem nada. - Fui eu que fiz o convite, então eu pagarei. Você paga na próxima, certo? Sem falar que conheço ótimos restaurantes. - coloquei Scarlett nos braços dela e segurei o rosto de Cher. - Mas se quiser, pode fazer a refeição. Amo seu arroz instantâneo.

Sorri ao ver a expressão dela. Irritá-la era mais do que um hobby para mim, era uma paixão de vida. Ela sempre me encarava, e eu amava isso. Independente de tudo, os olhos dela eram divinos. Ri com a proposta de Scarlett. - Não meu amor. Quando eu falir sua mãe irá nos sustentar. Ela tem muito dinheiro. - me perguntava como eu conseguia ser tão besta. Acho que por isso que meus relacionamentos só duravam uma noite. Na manhã seguinte elas já me conheciam e simplesmente sumiam. - Claro, claro, farei questão de procurar o lugar mais caro. - disse conjurando meu velho cubo mágico. Amava passatempos de lógica e raciocínio. O que me faltava de maturidade, eu tinha de interesse nisso. Continuei as observando, elas se davam tão bem. Talvez eu até tivesse ciúmes, de ambas. Observei a caixa, e me levantei, pondo Scarlett no braço. - Olha, mamãe comprou um irmãozinho. - disse sorrindo e retribui o sorriso de Cher, algo como "eu faria o mesmo". Olhei para Cher. - E pra mim? O que trouxe? - disse a olhando com curiosidade falsa. Depois, ajudando Scarlett a abrir a caixa, puxei o urso, e entreguei pra ela. - Nossa que urso grandão, do seu tamanho filhota. - sorri e coloquei o urso do lado dela. Ela era tão fofa, e realmente parecia um ursinho de pelúcia. Ficava me perguntando como era ganhar presente dos pais. Nunca havia conhecido os meus.

A abracei, o perfume dela ainda continuava o mesmo. Perfeito. Dei de ombros, e me sentei do lado de Scarlett. - Nós precisamos ensinar ele a pilotar aviões com bombas, ele será um ótimo aliado contra as forças inimigas, câmbio. Bsh. - imitei um rádio. Eu e ela sempre brincávamos de coisas assim. Quando estava com ela, eu me tornava uma criança total e não me importava com tempo gasto. Fazê-la sorrir era melhor que qualquer coisa nesse mundo. Juro que sentia saudade de dormir com ela, mas era mais seguro ela dormir com a mãe. - Quando formos lá, te mostrarei o museu com os quadros mais lindos do mundo. É preciso semanas para olhar todos, quer ir? - disse alisando o cabelo dela. Ela estava fascinada pelo ursinho. A puxei para o meu colo. - O que acha de pintarmos um quarto lá de casa todo de branco, para podermos sujar ele e pintá-lo com tintas?