Nunca subestime Alice, Elleonora!

"Sinceramente eu não gosto dele mas a pirralha pensa diferente"

Eu estava na sala de jantar aquela noite, já faziam quase duas semanas e Alice estava perita em se passar por mim, até mesmo os meus próprios parentes ela conseguia enganar sem nenhuma dificuldade, Jack, Meera, tio Ed ... Eu já estava ficando desesperada com esse fato, quase nada e paticamente ninguém conseguia fazer com que o lado mal, vulgo Alice voltasse a adormecer, quando Alice o olhou e eu também pude ver o quão seus olhos estavam preocupados com minha repentina mudança eu notei que só uma pessoa poderia mudar aquilo, poderia me trazer de volta, Chace. Pois Alice o temia.

Alice se levantou pouco tempo depois dele, a minha curiosidade para onde ele iria era a mesma da dela, o que a fez se mover com uma velocidade maior do que de costume. As botas foram substituídas por saltos e batiam fortemente pelo corredor a procura de Chace, eu já havia me perdido, mas Alice tinha um ofato melhor do que o meu e conseguiria segui-lo, ainda mais por que ela temia seu perfume, pois sabia que perto dele eu tinha mais controle do que longe, mas algo estranho estava guiando Alice para Chace aquela noite, algo além de minha vontade de tomar as rédeas, era a própria Alice, o interesse dela no rapaz ainda era uma verdadeira intriga para mim.

Quando ambas alcançamos juntas a porta pude ouvir a voz dele, eu sorria, mas Alice se mantinha séria e mordia o lábio inferior com suma curiosidade sobre ele, até que quando a voz dele parou eu gritei por socorro e pude ouvir uma abafada gargalhada, era Alice rindo de minha patética tentativa de pedir ajuda a ele, nunca funcionara. - Voz bonita, garoto bonito, ela não te merece. - Ela se aproximou um pouco, tentei fazer o que pode pra que ela recua-se, mas eu estava com medo e o medo dava mais força a ela. Por fim Alice se sentou ao lado dele, fitando-o com seus grandes olhos em um tom rosa bem escuro, eu tinha visto isso, mas ela não percebera que as lentes não tinham mais a mesma coloração, elas tinham perdido a cor castanha, mas estava escuro, talvez ele não vê-se, ele perceber era minha única salvação.

a smooth criminal,

Solenemente, eu continuava a figuração dos movimentos com o violino, ainda que eu percebesse alguém se aproximando. As letras da música apareciam na minha cabeça à medida que eu sentia meu coração preocupar-se cada vez mais. Bastou eu escutar a voz de Elle - mas não de Elle - dizer palavras intransponíveis ao meu sentimento, e eram coisas que eu acreditava ser sobre ela mesmo.
Ela sentava-se ao meu lado, e eu queria impressioná-la, mesmo sentido algo estranho em seu comportamento. -You've been hited by. You've been struck by.
Uma pausa. Enquanto eu me virava para minha amada e olhava em seus olhos, tentando não me esquecer dos dizeres finais da letra. Meu coração palpitava em um ritmo frenético, e realmente havia algo diferente nela, olhei em seus olhos devido ao "clima" proporcionado na sala, e eles tinham passado do antigo castanho escuro à um rosa-choque totalmente paranormal. . -…a Smooth Criminal.-completei, totalmente perplexo ao ver aquilo, sem saber, ainda, que toda a música parecia ter uma relação quase que exata do que estava realmente acontecendo bem diante dos meus olhos. . .
Lembrei-me, então, da minha notável habilidade especial, da qual poucos sabiam da existência. -Deixe minha Elle em paz!

Nunca subestime Alice, Elleonora!

"Está na hora de voltar"

A gargalhada abafada de Alice ecoou na minha mente, era alta e chata ao mesmo tempo, e me fez senti uma estranha dor, com sua mão ela tocou o rosto dele, por dentro eu gritava para que ela se afastasse dele mais e mais, mas quem disse que ela me ouvi, jamais me ouvida como sempre. - Comovente sua preocupação com a pirralha sabe, mas não o suficiente. - A mão de Alice soltou o rosto de Chace e ela se afastou ficando de pé, agora possuindo nos lábios um farto sorriso sarcástico e irônico sua marca registrada, um das coisas que eu odiava nela. - Ela se preocupa tanto com você ... - O olhar dela cruzou com o do rapaz e permaneceu assim por um bom tempo até ela piscar algumas vezes. - Mas eu não.

Ela se aproximou rápido e mais do que nunca eu quis repeli-la de perto dele, mas como sempre eu não consegui, até que ela parou a um ou dois passos antes dele e sorriu, eu tinha conseguido pela primeira vez pará-la e ela estava achando isso um tanto engraçado demais, tentou dar outro passo, mas em vão. - Ela me quer longe de você que fofo, Elle amorzinho eu vou matá-lo se você não colaborar. - Eu sabia que ela estava falando sério e então ela deu dois passos a frente tomando o lugar de antes.

Ela sorriu olhando nos olhos dele e parece que como eu senti o nosso coração bater forte dentro do peito, aquilo até doía de certa forma, ela mordeu o lábio inferior fortemente em protesto e se aproximou cada vez mais dele, até que os lábios de Alice se tocaram nos de Chace, foi um momento de fraqueza, ela estava frágil e nessa hora eu pude tomar as rédeas da situação e voltar a ter meu corpo só pra mim, quando os lábios se separaram eu sorri. - Eu voltei. - Sussurrei abraçando ele pelo pescoço, os olhos eram de novo castanhos, não entendi de momento por que Alice deixou que eu voltasse até perceber que ela não deixou, ela vacilou e o pior de tudo foi perceber que ... Alice também estava apaixonada por Chace.

Nunca subestime Alice, Elleonora!

"Tempos de paz, enfim"

Soltei o rapaz a minha frente ainda meio atrapalhada, eu estava de volta? Era verdade? Ok! Era e bom lá estava eu na frente dele. Deixei uma bufada escapar encarando os olhos claros do moreno a minha frente, era perigoso pronunciar aquelas palavras, não só por mim ou por ele, por minha família e meus conhecidos, certas palavras eram proibidas quando sua família é tão procurada e perigosa, mas eu ousei falar, não só por mim ou por ele, mas sim por nós. - Eu também te amo. - As palavras escaparam por meus lábios em alguns sussurros, mas eu sabia que ele tinha escutado. - Não quero que se preocupe comigo ou com a Alice, ela vai tentar voltar, mas até lá estaremos seguros. - Sorri de lado puxando uma grande lufada de ar, eu precisava sentir que o corpo era de novo meu e eu não era apenas uma espectadora presa em meu próprio corpo. Balancei a cabeça eliminando certos pensamentos, eu não podia me ligar no que Alice faria ou estaria planejando, e sim no agora, mas pensando pela última vez em Alice, ela estava calada demais o que realmente me assustava, mas tudo bem, eu teria tempo para pensar nela - Vamos, eu preciso respirar ar fresco. - Sorri de ponta a ponta ignorando as consequências futuras e me ligando nas necessidades presentes, me levantei puxando-o pelo pulso não importa para onde fossemos, estando longe de Alice e seus perigos já bastava completamente.