Ruídos longínquos que invadiam meus sonhos e se transformavam em um ronronar que aos poucos tornava-se insuportável. Grandes olhos brilhantes e felinos me observando além da escuridão densa... tudo isso cooperava para uma péssima noite de sono e fazia com que eu ficasse perambulando todas as noites pelos corredores vazios do Instituto. Estava ficando meio paranóico até. Sentimento de perseguição ou de estar sendo observado por pequenos olhos gatunos. Era... estranho para mim. Nunca passara por isso. Precisava de um lugar para me aliviar... tentar esquecer isso por um momento, ou então poderia enlouquecer. Vou andando em direção às torres. Por algum motivo... eu precisava ver a Lua. Subindo todos os degraus, pulando de dois em dois, chego à varanda da torre principal. Me encosto no para-peito e observo toda a extensão do local. Era realmente lindo à noite. Me sentei no banco que ali tinha e fechei os olhos, tentando relaxar com o barulho da natureza. Não era muito de me apegar a essas coisas mas... eram as coisas mais simples que me davam calmaria. O vento suave, uma corrente de água, barulho de chuva, o click baixo do relógio, um afago no cabelo. Tudo isso era essencial pra mim agora.

Stop messing with my mind,
Cause you'll never have my heart

Sombras bruxuleavam cobrindo a forma magra e esguia da garota de cabelos negros e pele pálida. O vento batia em sua face delicada e rústica da russa. Os dedos finos e ossudos folheavam as páginas de um livro delicadamente, um livro dela própria. Histórias e poesias, rabiscos, diante de obras magníficas que encontrava.

Encolhida contra uma das paredes da varanda era quase impossível deduzir que se encontrava escondida ali, escondida do mundo e de seus horrores pasmos, mas escondida também das possibilidades e chances de mudar tudo.

Tamborilando os dedos contra a capa do livro não percebia a entrada de um garoto tão sorrateiro quanto a poeira que passava pelos chãos do Instituto se encontrava agora sentado de frente para ela. Aparentemente, ainda não havia sido vista, claro, estava mais escuro do que tudo onde se encontrava. Analisando sua aparência, era lindo, os olhos claros em contraste com o cabelo negro fazendo-a recordar de Will Herondale, mais um de seus personagens de livros trouxas. Teria tal uma língua tão mortífera e afiada quanto tal? Dependia de seu comportamento diante de tal, assim como fizera Tessa Gray.

Levantando-se com uma graça que nunca havia possuído, e a surpreendeu caminhou lentamente até a frente do rapaz, que submerso em seus devaneios não a notou até que estivessem cara a cara. – Olá – Murmurou, esperando ser ouvida. Suspirou relembrando de suas tarefas de monitora. – O que fazes aqui, rapazinho? Sabe que horas são? Horas de voltar para cama e... – Não pode concluir sua frase, era além de monitora uma aluna e sabia assim como todos o recesso de início das aulas, tal qual desaprovava com todas as forças. Soltando um grunhido agudo a garota se sentou ao lado do rapaz desapontada. – Qual o seu nome e o que faz aqui, terráqueo? – Falou entre dentes.

As mãos apoiadas nos joelhos tamborilavam fazendo uma melodia fina e alegre, código morse, pensava em sua família... Em um familiar em especial. Sua falecida mãe.

Nightmare

Minha mente perturbada pela noite estranha ia aos poucos se acalmando, como uma tempestade no oceano. Pelo menos não era assombrado pelos meus sentimentos, nunca precisei mexer neles então eram latentes, em grande parte do tempo. Ainda de olhos fechados tentava visualizar a paisagem à minha frente, tentando me imaginar fora daqui. Havia passado toda minha infância em um orfanato de paredes cinzas. Com pessoas com semblantes cinzas, apenas existindo e esperando a morte chegar. Definhando. Não havia amizades, nem sorrisos. Solidão contínua. O silêncio me cobria, e me afetava. Aos poucos fui me afastando, me excluindo de tudo e de todos. E agora virei isso. E atualmente estou ficando louco. O peito pesa quase todas as noites, mas não há ninguém para contar, então fico encarando o teto até que o sono ganhe. Não havia paz em mim, mesmo em um lugar perfeito, por dentro eu ainda era um turbilhão. O que eu havia feito de tão errado?
Mas aqui não era um lugar para pensar nisso, pois eu estava fugindo. Minha linha de raciocínio foi quebrada quando ouvi um cumprimento quase inaudível. Abri os olhos e dei de cara com uma silhueta à minha frente. Por alguns instantes cerrei os olhos, tentando fazer minha visão se acostumar ao ambiente tetro. Era uma garota, muito bela por sinal, carregava um livro nas mãos mas... como conseguia ler em um ambiente como esse? Analisei seus traços que contrastavam entre as sombras e a luz fraca que a iluminava. E então como um clarão me veio à mente aquele rosto. Uma monitora. Senti meu coração acelerar, não por medo, mas por saber que teria mais um problema na minha bela vida. Ela continuava falando e me fazendo perguntas. Eu não sabia o que responder, não poderia dizer o motivo, achariam besteira mas, antes que eu pudesse dizer algo, ela soltou um barulho agudo e se sentou ao meu lado. Franzi o cenho e encarei o chão, confuso. Oi? Ela não iria me levar para a tortura?
Novamente, outra pergunta. Que me fez rir. Apoiei minha cabeça nas mãos, cujo cotovelos estavam apoiados nas pernas e pensei um pouco. - Irei responder, mas só porque você é a autoridade aqui. Me chamo... - por um momento hesitei. Iria ela entregar meu nome aos superiores? Não aparentava isso... - Damien, e estou aqui tentando fazer contato com alguma bela venusiana, mas pelo visto já a encontrei...
Levantei as sobrancelhas e olhei para ela. Seus dedos tamborilavam, mesmo silenciosa, parecia inquieta. - E você bela venusiana, o que faz aqui?
Hoje poderia ser uma boa noite para uma conversa. Talvez fosse a falta delas que me deixassem assim, estranho. Deveria manter certo contato com a sociedade, por mais repelente que ela fosse.
 

Estou em Durmstrang há algumas semanas e, cada dia que passa, percebo o quão pouco conheço do lugar - Uau - esboço um sorriso de surpresa quando atravesso um pequeno corredor e me deparo com a varanda da torre principal. Além de bela, o clima é muito amêno. A tranquilidade do lugar é tão convidativa que, mesmo com o final de tarde tão próximo, eu não pretendo sair daqui tão cedo. Ando pelo jardim enquanto observo, de longe, as colinas dos terrenos do instituto. Continuo a andar até ficar de frente com a fonte d´água.

Deixo os meus materiais (pergaminho, tinta e pena) no chão e puxo a minha camisa pela gola. Não quero molhá-la. Me inclino e mergulho a cabeça naquela água cristalina. Abro bem os olhos e procuro por algum sinal de vida marinha, um mísero peixe, que seja, mas não encontro nada. Permaneço com a cabeça submersa por bastante tempo, mais tempo que um bruxo - sem auxílio de feitiço - conseguiria. Meu pescoço começa a doer depois de alguns minutos, tiro a cabeça da água e vejo alguns passáros se banhando. O cenário é tão propício, é tão convidativo que eu não resisto e acabo agindo como um típico sereiano. Dou uma tossida - limpando a minha garganta e começo a cantar com o melhor tom de voz possível:



Termino o pequeno refrão. Os passáros param de se banhar e começam a me fitar, todos eles, interruptamente.

Um dos passáros voa para longe, e depois mais um. Logo, o bando inteiro se foi. Olho para trás para ver quem os assustou. Fito o rapaz que, provavelmente, é tão novo em Durmstrang quanto eu enquanto este caminha até o meu lado - É bem óbvio como eu fiz, não? Eu sou bom de cantada, pow. Nem os pássaros resistem - forço uma risada e volto a fitar a água da fonte.

Mexo no meu cabelo molhado, uso a água da fonte como espelho e o arrepio de um jeito legal - Olha o que fizeram - abaixo-me e pego um dos rolos de pergaminho que foi rasgado enquanto me distrai. Boa parte da minha tinta está espalhada pelo chão, o único item que não foi tocado é a minha pena - Não são só os humanos que são mal agradecidos. Na próxima vez, vou convencer eles a se afogarem na fonte ou bicarem os olhos um dos outros - digo, visivelmente, desanimado quando vejo que um dos meus desenhos favoritos não resistiu ao estrago.

- Quem é você? E por que me chamou de estranho? E o que é isso? - aponto o indicador para sua orelha, mais especificamente para seu brinco. Dou um peteleco nele - Meu pai sempre disse que isso é coisa de boiola. É verdade? - digo, sorrindo.

Junto os dedos, levanto a mão na altura da testa e finjo ser um capitão procurando por algo - Graças à minha boa visão, consigo ter uma ampla vista de que você é tão lascado pra relacionamentos quanto eu. É foda - sento no chão enquanto o garoto senta na beira da fonte. Encosto as costas na fonte e fito o jardim em nossa frente. Ouço em silêncio tudo o que o garoto diz. Não me preocupo em respondê-lo, mas conforme o silêncio entre nós se torna um incômodo, não me resta muita escolha.

- O tipo de pessoa que meu pai se relaciona não se importa muito com brincos e tal, eu acho - digo, desanimado. O garoto me lança um olhar confuso - Ele tem um gosto meio diferente pra mulheres, saca? Espero que eu não herde isso dele. Quero gostar de alguma menina bem bonita. Não  preciso que ela goste de mim imediatamente, posso fazer ela se apaixonar em dois tempos, o importante é que eu goste - interrompo minha fala quando percebo que tô desabafando com um quase-desconhecido.

Pego um dos meus pergaminhos rasgados, um com o desenho de um sereiano bem grandão - Tu sabe usar algum feitiço que conserte desenhos? - estendo a mão para ele, na esperança de que ele conserte - Conserta aí, pow. Te deixo dar uma volta no meu golfinho. Ele é legal e o nome dele, também, é Pierre - digo, animado.

Ele assume que, provavelmente, não é capaz de consertar o meu desenho. Desanimado, faço uma bola de pergaminho e arremesso no jardim com ódio - Pássaros malditos - uma expressão séria se forma em meu rosto. Levanto-me e fito o local. Dou uma volta completa procurando por pássaros e, felizmente, um pousa perto da fonte d'água, mas distante de mim.

- Olha ali, um dos meliantes - levanto o meu braço até a altura do ombro com a palma da mão virada para cima. Concentro-me e a água - ao redor da onde o pássaro se banha - começa a se levantar e, antes que ele voe, eu o apanho com a água que manipulo. Fecho a mão. A água se contraí e uma pequena mancha vermelha surge na água.

- Vamos embora? Tá ficando tarde - e caminho para saída do lugar, junto do garoto.

Dimitri chegara em sua nova casa fazia apenas um dia. – Que ótimo... – Murmurou em um tom amargo e seco, sem traços de sentimento. – Esse lugar é um lixo... – Resmungou novamente. Estava reclamando de barriga cheia, era bem melhor ficar ali do que ficar em sua casa. Pare de reclamar. – Repreendeu-se no pensamento. Seus passos eram calmos e tranquilos, não estava muito irritado, estava até que... Paciente. Usava uma camisa preta, um jeans e calçava um par de All Star preto com branco. Seus cabelos estavam como sempre, arrepiados e bem ajeitados. Não queria ajuda para explorar aquele novo lugar. A minha varinha estava bem guardada no bolso, algo que poderia usar quando bem quisesse. Os corredores estavam bem escuros, mas Dimitri não se importava. A escuridão era algo que o animava, que o deixava feliz. A escuridão sempre estava presente dentro dos corações. Chegou ao ponto de não enxergar mais nada, então apenas mexeu a sua varinha. – Lumus. – Falou calmamente e um feixe de luz apareceu em sua varinha. Iluminava boa parte dos corredores pelo qual andava. Talvez pudesse ser monitor, mas já era velho demais. Tinha entrado muito tarde por causa de vários problemas. – Esse castelo é pior que o meu. – Deu de ombros e parou por um momento. Não sabia para onde estava indo, estava perdido. Subia e descia escadas, mas nunca parava. Não tivera curiosidade suficiente para abrir qualquer porta. De repente, o barulho de água chamou-lhe a atenção. Seguiu o barulho calmamente, no mais puro e completo silêncio. Pronunciou um feitiço que fez com que a sua varinha não iluminasse mais. Subiu mais um pouco de escadas e quando subiu tudo, viu uma bela moça.

Se fosse noite, com certeza seus cabelos seriam uma forma de descobrir a presença de mesma, mas era tarde – ou dia, era meio confuso. Andou calmamente até a mesma e pigarreou, chamando a atenção da mesma. – Oi. – Falou num tom gentil e delicado, mas não passava de um disfarce para esconder a sua falsidade. Ele queria se enturmar e logo depois, iria acabar com cada um para adquirir o poder que queria, mas... E se tudo desse errado? Estremeceu por um momento e logo fixou os seus olhos na bela ruiva. Aproximou-se lentamente da mesma e ficou ao seu lado, observando a bela paisagem de Durmstrang. – Novata? – Soltou a pergunta como se apenas estivesse dizendo algo comum. Naquele momento, apenas estava interessado em apreciar as paisagens da sua nova casa. Dava para ver tudo, mas o que mais lhe chamava a atenção, era o mar. Sempre sonhara em conhecê-lo e ali estava. Belo e claro. Lembrou de quando viajara de avião e vira o mar, começou a passar mal. Mas isso era distante, um passado que jamais seria revelado. Era meio que... Um segredo. – Qual o seu nome, bela senhorita? – Perguntou, mas não olhou a mesma. Ficou ali, olhando apenas o ambiente em que viveria em breve. Com certeza iria explorar aquele lugar.

Esperando Lucca

Depois da minha mãe ter me prendido porque tentei roubar sua garrafa de vinho, fui em direção ao dormitório, para poder me arrumar, mesmo com pressa.
Pouco tempo depois, ousaria dizer que ninguem conseguiria ser mais rapida do que eu, consegui chegar em tempo no local combinado.
Estava na varanda da torre principal, por causa da pressa, negligenciei um pouco a maravilhosa vista, e indo em direção ao banco que de ferro dourado, descansar um pouco, enquanto o Lucca não chegava.
Estava me sentindo num mix de sentimentos, estava muito alegre por estar ficando com Lucca, mas estava bastante apreensiva também, pois seria nosso primeiro encontro oficial, e eu não queria estragar tudo, estava nervosa, com o coração pulsando bem rápido. talvez fosse só por causa da correria.
Lucca estava demorando, demorando de mais para o meu gosto.
Eu havia escutado boatos sobre ele um motel e uma garota, mas não quis saber maiores informações, na verdade eu queria, mas tinha medo de saber no que isso poderia influenciar.
A brisa batia calmamente em meu rosto, enquanto eu o esperava

Atrasos são normais

Era noite e eu estava dormindo, até que algo estranho me tocando me acordou. Levantei rápido, assustado e sentando sobre a cama e olhando ao redor. Mas não havia ninguém ali, o que deixava tudo aquilo estranho demais. Olhei ao relógio e vi o quanto aquilo havia sido mais estranho ainda, eu estava atrasado para o meu encontro com Eirin em uma das torres e aquele parecia ter sido um aviso. Me levantei da cama, correndo enquanto fazia o que tinha pra fazer para me arrumar e saí do dormitório literalmente correndo, quase derrubando algumas pessoas. Já haviam passado quase meia hora do tempo em que marcamos, ela poderia ter cansado e ido embora. Subi as escadas correndo, me desculpando com algumas pessoas até chegar a torre principal, agora era só achar a porta gigante que levava a varanda e... Lá estava ela, graças a Merlin. Parecia estar entediada, sentada e ainda não havia me visto. Suspirei, buscando ar para respirar e sorrindo enquanto olhava a mesma. Me aproximei da garota distraída calmamente, sentando em seu lado e sem ao menos dizer um oi sequer roubei um rápido beijo, seguido de um abraço. Eu realmente estava preocupado em estragar tudo por ter dormido demais. - Me desculpa, por favor.


Off: Posts atemporais, acontecendo por volta de 22:30

Atrasos são normais

Fofura, Cade?

Paisagem Maravilhosa !

Terminei de cantar e percebi  olhar penetrante de Lucca em minha direção, não pude deixar de corar, era claro que eu estava morrendo de vergonha, e o efeito do vinho já havia passado, agradeci por estar sentada, sabia que se estivesse em pé, minhas pernas haveriam me traído .
- Só quero que você sinta por mim, o que sinto por você. - Sorri para ele, me entregando ao seu beijo.
Sentindo-me um pouco mais calma, ousei levantar do baco onde estávamos, me virando para apreciar aquela vista maravilhosa.
- Lindo, né ? - Sorri, enquanto imaginava como seria um passeio até o lago com o Lucca

I'm Sorry.